NA ARENA DOS LEÕES

“Ser jogado aos leões” é uma expressão que traz, em nossa cultura popular, o significado de ser injustiçado e abandonado. Os romanos lançavam seus inimigos políticos em arenas lotadas, para serem devorados por leões, diante de olhares raivosos e empolgados.
No nosso Brasil, quando falamos de leão, lembramos-nos do imposto de renda que, tão feroz quanto o rei das selvas, costuma abocanhar parte de nossas conquistas. E, recorrendo à expressão que citei acima, como não nos sentirmos injustiçados diante da fera que, sem cerimônias, avança sobre nossos rendimentos, sem que possamos esboçar uma reação? Mais uma vez o imposto de renda foi reajustado em 4,5%, percentual que segue a meta de inflação anual do governo, mas que nunca reflete a inflação real. Em 2013 a inflação ficou em 5,9% e a previsão para este ano é de 6,5, uma diferença entre 2%. Essa diferença significa de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões, que sai do bolso dos trabalhadores e vai para o governo. Essa diferença anual vem gerando uma defasagem monstruosa de 61,24%, que se acumula através dos anos. Em 2003, o governo arrecadava R$ 26,4 bilhões. Dez anos depois, em 2013, arrecadou R$ 80,9 bilhões. “Nunca na história desse país” o governo arrecadou tanto. E onde está o retorno?

Não existe justiça fiscal. O percentual de 4,5% de reajuste no imposto de renda acontece desde 2007 e continua gerando defasagem e por consequência, prejuízo ao trabalhador. O brasileiro está pagando mais impostos e, de mãos atadas, observa o custo de vida subir com a inflação que é alavancada por produtos de alimentação.
Somos jogados, ano após ano, na arena do leão do governo, que nos impõe grande desespero com suas medidas descabidas e injustas, diante de olhos famintos por poder. Esses mesmos olhos que vislumbram um projeto de poder e não de governo. A mudança é necessária, é urgente! Não podemos admitir essa negligência fiscal. É hora de estancar a defasagem que gera grandes arrecadações sem o mínimo retorno em melhoras para nossa qualidade de vida.